ESTRANHO CONCEITO DE AMIZADE O dia 11 de Julho de 2009 passou quase sem sobressaltos em Portugal.
E, todavia, algo se passou que poderia ter deixado estupefacto qualquer cidadão mais
atento. Em Olivença, foi oficialmente inaugurada uma estátua a Manuel Godoy, colocada numa sala da Torre de Menagem do Século XV ( Reinado de D. João II). Algumas declarações proferidas causam algum espanto... pelo menos,
a um Português. Importa dizer algo sobre quem foi percebam as considerações que sobre tal se irão tecer. Assim, Godoy era o chefe do Governo espanhol no final do século XVIII. A sua mãe era portuguesa. Em 1793, as tropas portuguesas, ao abrigo duma aliança com Espanha, estavam a combater a Revolução Francesa no Rossilhão. tentar fazer a paz, sem avisar o seu aliado. Pela Paz de Basileia, Godoy conseguiu este desiderato, passando a Espanha a ser uma aliada da França, e recebeu o título de Príncipe da Paz. Os regimentos portugueses ficaram a "fazer a guerra sozinhos".
Tiveram de retirar (curiosamente, dois eram de Olivença). Entre 1795 e 1801, Portugal tentou fazer Revolucionária, e Godoy foi-se oferecendo como "embaixador da Paz", prometendo tudo
a Portugal, e promovendo encontros diplomáticos, incluindo entre as casas reais dos dois Estados Ibéricos. Isto não o impediu de chefiar as tropas espanholas que, com a França como instigadora, invadiram Portugal em 1801, tomando Olivença em 20 de Maio (Guerra das
Laranjas). Sabe-se que os oliventinos ficaram desagradados com tal situação. Ofenderam os ocupantes, e muitos terão olhado para a Torre de Menagem, como símbolo
do seu orgulho... que os tinha levado a abandonar a sua povoação em 1657, e até 1668, durante uma ocupação espanhola durante a Guerra da Restauração. Entre 1801 e 1811, houve protestos em Olivença. Godoy chegou a prometer tender a esses protestos, um dos quais ia no sentido da devolução da localidade à coroa portuguesa. Godoy que, por ter enredado a Espanha nos meandros da política francesa, transformando-a numa espécie de protectorado, foi derrubado por uma revolta popular contra ele e contra a França (o célebre 2 de Maio de 1808). O resto e conhecido. Portugal considera que recuperou o direito a
Olivença, principalmente após o Congresso de Viena de Áustria em 1815. Por outro
lado, procedeu-se a uma castelhanização intensa em Olivença, que produziu muitos traumas
e sofrimentos na população local. Depois de 1974 e 1975, as relações entre Portugal e Espanha têm vindo a melhorar, evitando-se actos mais ou menos hostis. Busca-se a amizade e a cooperação, procuram-se laços históricos comuns. Por isso, o que se passou em 11 de Julho de 2009 parece ser uma contradição. Recorda-se o conquistador, coloca-se uma estátua sua numa sala da portuguesíssima Torre de Menagem, e pronunciam-se discursos verdadeiramente inesperados. Afirma-se que "como Godoy era pacense de nascimento e português pela parte da mãe, foi o artífice (...) de que Olivença voltasse a ser espanhola depois de 504 anos em poder de Portugal" (por que razão, então, durante como portuguesa?). Fala-se também em incentivar Portugal a prosseguir com a construção do
TGV, e na necessidade de "ampliar" as relações afirmar que Olivença figura nos arquivos da C.I.A. como um lugar potencialmente perigoso (o
que não corresponde minimamente à verdade, como muito bem sabe quem tal proferiu), e, numa insinuação à Questão de Olivença, disse-se que "hoje, não teria sentido marcar fronteiras onde elas não existem". Esta afirmação acaba por ser quase hilariante, já que Portugal não
reconhece nenhuma fronteira diante de Olivença, e portanto parece querer-se dizer que Portugal nunca a deverá colocar, e que está a ser um pioneiro! Mas, claro, o sentido era bem outro. Isto tudo foi dito por altos responsáveis da Junta da Extremadura e da Câmara de Olivença. Como se pode compreender toda esta cerimónia, ou homenagem, num quadro de um óptimo relacionamento Portugal-Espanha, e entre o Alentejo e a Extremadura espanhola, é algo que, penso, não é de fácil compreensão. Mas... enfim... cada País fará as homenagens que entender, consoante a sua leitura da História. Neste caso, decididamente, Portugal e Espanha frequentaram escolas diferentes. E muitos portugueses perguntar-se-ão se o que outrora se dizia, como "a Espanha não respeita Portugal e no fundo só deseja a sua humilhação ou
anexação", embora decerto errado em democracia, não esconderia alguma coisa de verdade. Pela amizade entre Portugal e Espanha tudo deve ser feito. Dentro do respeito mútuo, pensam muitos. Mas, depois deste evento, muitos ficarão a pensar se "mútuo" não será uma ironia... Uma última nota para a reacção do Estado Português. Ela simplesmente não existiu. Apenas, dois dias depois, a Ministra da Educação se deslocava a Mérida, onde se assinou um acordo para o Ensino do Português na Extremadura Espanhola. Com muitos elogios à amizade que a Junta da Extremadura revelava Sobre o insólito gesto do dia 11, nem uma palavra... Um inquérito de 27 de Julho de 2009 revela que 39,9% dos Portugueses é partidário de uma União Ibérica... Mas que inquérito é esse... num Universo de 876 portugueses? Será que a opinião pública começa a enlouquecer? Portugal tem quase 900 anos de História. Somos um povo livre. Se usamos mal a nossa liberdade, fazêmo-lo porque temos LIBERDADE para o fazer. Logo que as coisas começassem a correr mal em Espanha, haveria quem quisesse sair. E, aí, teria de contar com uma REPRESSão, possivelmente BRUTAL. Vão a Olivença ver como se promove o esquecimento cultural, o apagamento da História, e o embrutecimento das consciências. No fundo, o que muitos querem com sejam imaginativos, proponham uniões com a Holanda, a Bélgica, ou a Dinamarca. Ganha-se MUITO mais do que em Espanha. E... quem vos disse que os políticos espanhóis são bons e que só os de Portugal são corruptos? Leiam os jornais espanhóis, que, ainda que menos livres que os portugueses, estão cheios de escândalos e roubalheiras dos políticos lá do sítio! O que muita gente não quer é pensar em resolver os problemas do País. è mais cómodo chamar gente de fora para o fazer. Mas... os de fora sempre quererão algo em troca. Isso nunca resulta... principalmente após alguns anos de domínio estrangeiro, quando se observar que todos os cargos importantes vão para "os de fora". Por que pensam
que 1580 acabou com uma revolta e uma Guerra em 1640? prodigalizando e, justiça lhe seja feita, por elas lhe demonstrando público reconhecimento, persiste
resoluto na sua cruzada antiportuguesa e pró-ibérica. É lá com ele. Todavia, que não tente - como tentou no seu escrito no DN de
29/07/2009, sustentando-se num alegado crescimento dos que gostariam de apagar a identidade e a independência de Portugal, dissolvendo-as na "Grã-Espanha" -
que não tente afastar de si e dos que o imitam o labéu da traição. Tal como o acréscimo dos criminosos não minimiza o desvalor destas
nem a malfeitoria daqueles, também não é suposto aumento dos que se dispõem a alienar (por que lentilhas?= 900 anos de liberdade que afasta a traição nem lhe retira gravidade. Trat-se de traição quando se trata de renegar a cultura, a identidade e a independência da Pátria, esteja-se só, pouco ou muito acompanhado. E maior é a traição de quem, como Saramago, criador intelectual e de vasta projecção, tem sobre si uma especial responsabilidade na defesa dos valores
portugueses. Infelizmente, quando estes tempos pediriam um Camões, entre as "elites" despontam Cristóvãos de Moura. Todavia, de entre a "arraia-miúda" surgem sempre as
Padeiras de Aljubarrota. Nos últimos anos, e quase sempre louca, são publicadas sondagens sobre o problema do iberismo. Ma última somdagem conhecida, a da Unoversidade de Salamanca, diz-se que 39,9 % dos portugueses e 30 % dos espanhóis apoiariam uma união. Estes números são muito superiores aos de outras sondagens feitas com intervalos de 20 anos, e que apontavam para a inviabilidade de tal projecto. Para combater a resistência popular ao iberismo em ambos os países, planeia-se a realização de um Campeonato Mundial de Futebol alguns toscos portugueses, sempre vão dizendo que o iberismo está ultrapassado, e que as relações
entre Espanha e Portugal se devem desenvolver no âmbito da União Europeia. Os castelhanos, e não os espanhóis, sabem que uma União Ibérica aumentaria exponencialmente os conflitos e o terrorismo na Península. Os castelhanos sabem que as grandes potências
não aceitariam, como no passado, portugueses, que semelhante união seria factor de conflitos.(...) Enquanto isso o caso lembrar aos verdadeiros portugueses que
os castelhanos (a parte negativa e dominante do estado em Espanha) continua a não
merecer a confiança em Portugal, como
historicamente sempre aconteceu! |