SE GOSTA DE HISTÓRIAS DE NACIONALISMO AGRESSIVO ESPANHOL EXPANSIONISTA,
LEIA A PRIMEIRA HISTÓRIA! Jornal "DESPERTADOR", Elvas, 22-Julho-2009 ESTRANHO CONCEITO DE AMIZADE (UMA ESTRANHA HOMENAGEM) O dia 11 de Julho de 2009 passou quase sem sobressaltos em Portugal. E, todavia, algo se passou que poderia ter deixado estupefacto qualquer cidadão mais
atento. Em Olivença, foi oficialmente inaugurada uma estátua a Manuel Godoy, colocada numa sala da Torre de Menagem do Século XV ( Reinado de D. João II). Algumas declarações proferidas causam algum espanto... pelo menos, a um Português. Importa dizer algo sobre quem foi percebam as considerações que sobre tal se irão tecer. Assim, Godoy era o chefe do Governo espanhol no final do século XVIII. A sua mãe era portuguesa. Em 1793, as tropas portuguesas, ao abrigo duma aliança com Espanha, estavam a combater a Revolução Francesa no Rossilhão. tentar fazer a paz, sem avisar o seu aliado. Pela Paz de Basileia, Godoy conseguiu este desiderato, passando a Espanha a ser uma aliada da França, e recebeu o título de Príncipe da Paz. Os regimentos portugueses ficaram a "fazer a guerra sozinhos".
Tiveram de retirar (curiosamente, dois eram de Olivença). Entre 1795 e 1801, Portugal tentou fazer Revolucionária, e Godoy foi-se oferecendo como "embaixador da Paz", prometendo tudo a Portugal, e promovendo encontros diplomáticos, incluindo entre as casas reais dos dois Estados Ibéricos. Isto não o impediu de chefiar as tropas espanholas que, com a França como instigadora, invadiram Portugal em 1801, tomando Olivença em 20 de Maio (Guerra das Laranjas). Sabe-se que os oliventinos ficaram desagradados com tal situação. Ofenderam os ocupantes, e muitos terão olhado para a Torre de Menagem, como símbolo do seu orgulho... que os tinha levado a abandonar a sua povoação em 1657, e até 1668, durante uma ocupação espanhola durante a Guerra da Restauração. Entre 1801 e 1811, houve protestos em Olivença. Godoy chegou a prometer tender a esses protestos, um dos quais ia no sentido da devolução da localidade à coroa portuguesa. Godoy que, por ter enredado a Espanha nos meandros da política francesa, transformando-a numa espécie de protectorado, foi derrubado por uma revolta popular contra ele e contra a França (o célebre 2 de Maio de 1808). O resto e conhecido. Portugal considera que recuperou o direito a
Olivença, principalmente após o Congresso de Viena de Áustria em 1815. Por outro lado, procedeu-se a uma castelhanização intensa em Olivença, que produziu muitos traumas e sofrimentos na população local. Depois de 1974 e 1975, as relações entre Portugal e Espanha têm vindo a melhorar, evitando-se actos mais ou menos hostis. Busca-se a amizade e a cooperação, procuram-se laços históricos comuns. Por isso, o que se passou em 11 de Julho de 2009 parece ser uma contradição. Recorda-se o conquistador, coloca-se uma estátua sua numa sala da portuguesíssima Torre de Menagem, e pronunciam-se discursos verdadeiramente inesperados. Afirma-se que "como Godoy era pacense de nascimento e português pela parte da mãe, foi o artífice (...) de que Olivença voltasse a ser espanhola depois de 504 anos em poder de Portugal" (por que razão, então, durante como portuguesa?). Fala-se também em incentivar Portugal a prosseguir com a construção do TGV, e na necessidade de "ampliar" as relações afirmar que Olivença figura nos arquivos da C.I.A. como um lugar potencialmente perigoso (o
que não corresponde minimamente à verdade, como muito bem sabe quem tal proferiu), e, numa insinuação à Questão de Olivença, disse-se que "hoje, não teria sentido marcar fronteiras onde elas não existem". Esta afirmação acaba por ser quase hilariante, já que Portugal não reconhece nenhuma fronteira diante de Olivença, e portanto parece querer-se dizer que Portugal nunca a deverá colocar, e que está a ser um pioneiro! Mas, claro, o sentido era bem outro. Isto tudo foi dito por altos responsáveis da Junta da Extremadura e da Câmara de Olivença. Como se pode compreender toda esta cerimónia, ou homenagem, num quadro de um óptimo relacionamento Portugal-Espanha, e entre o Alentejo e a Extremadura espanhola, é algo que, penso, não é de fácil compreensão. Mas... enfim... cada País fará as homenagens que entender, consoante a sua leitura da História. Neste caso, decididamente, Portugal e Espanha frequentaram escolas diferentes. E muitos portugueses perguntar-se-ão se o que outrora se dizia, como "a Espanha não respeita Portugal e no fundo só deseja a sua humilhação ou
anexação", embora decerto errado em democracia, não esconderia alguma coisa de verdade. Pela amizade entre Portugal e Espanha tudo deve ser feito. Dentro do respeito mútuo, pensam muitos. Mas, depois deste evento, muitos ficarão a pensar se "mútuo" não será uma ironia... Uma última nota para a reacção do Estado Português. Ela simplesmente não existiu. Apenas, dois dias depois, a Ministra da Educação se deslocava a Mérida, onde se assinou um acordo para o Ensino do Português na Extremadura Espanhola. Com muitos elogios à amizade que a Junta da Extremadura revelava Sobre o insólito gesto do dia 11, nem uma palavra... Estremoz, 20 de Junho de 2009 OUTRO TEXTO PARALELISMOS IBÉRICOS Jornal "DESPERTADOR", Elvas, 22-Julho-2009 (2.ª HISTÓRIA) Mais uma vez se agitam os meios políticos espanhóis. O ministro Moratinos vai a Gibraltar. Em uníssono, ou quase, comentadoes e políticos reafirmam a sua intenção de não abdicarem da reivindicação espanhola sobre Gibraltar. Os comentários são de cariz a não deixar dúvidas: a Espanha e a maioria dos espanhóis sentem-se profundamente ofendidos com Gibraltar, desde 1704. Consideram ser uma situação colonial anacrónica. Dizem que a vontade das populações não pode ser tida em linha de conta, já que a população já não é na sua maioria descendente dos habitantes originais, e que tem sido enganada com mentiras. Um deputado, Landaluce, afirmou que «ha llegado el momento" de poner sobre la mesa
"con los ingleses, nunca con los gibraltareños", la cuestión de la
soberanía, cedida a la Corona británica por el Tratado de Utrecht (1713).» O que espanta qualquer português minimamente informado é o milagre de em Espanha poucos se darem conta de que todos e cada um dos argumentos sobre Gibraltar se poder aplicar, com maior premência, a Olivença (ocupada em 1801), razão, aliás, para que o Estado Português, embora não o divulgue muito, não reconheça a soberania espanhola sobre a Região, situação que está até ligada ao aproveitamento das águas do
Alqueva. Como se podertá fazer entender a Madrid que, ao agir assim, perde toda a autoridade moral para protestar? Que não pode aplicar umas regras do Direito Internacional num lugar, e contrariá-las noutro? Que os gibraltinos sabem dessa contradição, e que não se cansam de a divulgar Como se poderá fazer entender ao Estado Português que o seu quase total silêncio nesta matéria é muito pouco lógico, e nada dignificante? Por que razão não há um respeiro mínimo por princípios, e se não entende que tal não é contraditório com relações de amizade e boa vizinhança? Estremoz, 19 de Julho de 2009 ________________________________________________________________________________ Faça já um crédito para as suas férias de Verão e receba como oferta um CD com as melhores vozes femininas. http://www.iol.pt/correio/rodape.php?dst=0901052 |