LORIGA na Citizendium - História concisa de Loriga
LORIGA
Gentílico: Loricense ou
Loriguense
Concelho: Seia
Área: 36,52 km²
População: 1 370 hab. (2005)
Densidade: 37,51
hab./km²
Orago: Santa Maria Maior
Código postal: 6270
Vilas de
Portugal
Loriga é uma vila e freguesia portuguesa,situada
na Serra da Estrela, distrito da Guarda. Tem 36,52
km² de área, e densidade populacional de 37,51 hab/km².
Loriga encontra-se a 80km da Guarda e 300km de Lisboa.
A vila é acessível pela EN 231, e tem acesso à Torre
pela EN 338, seguindo
um traçado projectado décadas atrás, com um percurso de
9.2
km de paisagens deslumbrantes, entre as cotas
960m (Portela de Loriga) e 1650m, junto à Lagoa
Comprida onde entronca com a EN 339.
A àrea urbana da vila encontra-se a uma altitude
que varia entre os 700m e os 900m.
Há décadas foi chamada a "Suíça Portuguesa" devido às
características da sua belíssima paisagem. Está
situada a partir de 700m de altitude, rodeada por
montanhas,todas com mais de 1500m de altitude
das quais se destacam a Penha dos
Abutres (1828m de altitude) e a Penha do Gato
(1771m), e é abraçada por dois cursos de
água: a
Ribeira de Loriga e a Ribeira de S.Bento,as quais
se unem depois da E.T.A.R. da vila.A Ribeira de
Loriga é um dos afluentes do Rio Alva.
Vila
A vila está dotada de uma ampla gama de infrastrutras,como por
exemplo,a
Escola C+S Dr.Reis Leitão,a
Banda de Música Filarmónica de Loriga, fundada em 1905, o corpo de
Bombeiros Voluntários de
Loriga, cujos serviços se desenvolvem na àrea do antigo Município
Loricense, a Casa de
Repouso Nª. Srª. da Guia, uma das últimas obras sociais de relevo,a
Associação Loricense de
Apoio
à Terceira Idade,o Grupo Desportivo Loricense,fundado em 1934,Posto da
GNR,Correios,serviços bancários,
farmácia,Escola EB1 e pré-escolar, praia fluvial,estância de esqui
(única
em Portugal),etc .
Ao longo do ano celebram-se de maneira especial o Natal, a Páscoa (com
a
tradicional Amenta das Almas) e
festas em honra de S. António (durante o mês Junho) e S. Sebastião
(durante o mês de Julho), com as
respectivas mordomias e procissões. Porém, o ponto mais alto das
festividades religiosas é a festa
dedicada NªSrª da Guia, padroeira da diáspora loricense,
que se
realiza
todos os anos, no primeiro
Domingo de Agosto.
Acordos de geminação:
Loriga celebrou acordo de geminação com:
A vila, actual cidade de Sacavém, no concelho de Loures, em 1 de Junho
de
1996.
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História concisa de Loriga
Lorica,foi o nome dado pelos Romanos a Lobriga, povoação que foi,nos
Hermínius(actual Serra da Estrêla),um forte bastião lusitano contra os
invasores romanos.Os Hermínius foram a maior fortaleza lusitana e
Lorica
situada no coração dessa
fortaleza,perto do ponto mais alto.Lorica,do
latim,é nome de antiga couraça guerreira,de que derivou Loriga,com o
mesmo
significado.Os próprios soldados e legionários romanos usavam
Lorica.Os
Romanos puseram-lhe tal nome,devido à sua posição estratégica na
serra,e
ao seu protagonismo durante a guerra com os Lusitanos(* LORICA
LUSITANORUM
CASTRUM EST).É um caso raro de um nome que se mantém praticamente
inalterado há dois mil anos,sendo altamente significativo da
antiguidade e
da história da povoação(por isso,a couraça é a peça central e
principal do
brasão histórico da vila).
A povoação foi fundada
estratégicamente no alto de uma colina,entre
duas
ribeiras,num belo vale de origem glaciar.Desconhece-se,como é
evidente,a
longínqua data da sua fundação,mas sabe-se que a povoação existe há
mais
de dois mil e seiscentos anos,e surgiu originalmente no mesmo local
onde
hoje está o centro histórico da vila.No Vale de Loriga,onde a presença
humana é um facto há mais de cinco mil anos,existem actualmente,além
da
vila,as aldeias de Cabeça,Muro,Casal do Rei,e Vide.
Da época pré- romana existe,por exemplo uma sepultura antropomórfica
com
mais de dois mil anos,num local onde existiu um antigo santuário,numa
época em que
o nome da povoação era Lobriga,etimologia de evidente
origem
céltica.Lobriga,foi uma importante povoação fortificada,Celta e
Lusitana,na serra.
A tradição local,e diversos antigos documentos,apontam Loriga como
tendo
sido berço de Viriato,que nasceu,sem dúvida,nos Hermínius,onde foi
pastor
desde criança.É interessante a descrição existente no livro manuscrito
História da Luzitânia,do Bispo-Mor do Reino(1580):"...Sucedeu o pastor
Viriato,natural de Lobriga,hoje a villa de Loriga,no cimo da Serra da
Estrêla,Bispado de Coimbra,ao qual,aos quarenta annos de
idade,aclamarão
Rey dos Luzitanos,e casou em Évora com huma
nobre senhora no anno
147...".A rua principal, da àrea mais antiga do centro histórico da
vila
de Loriga,tem o nome de Viriato,em sua homenagem.
Ainda hoje existem partes da estrada,e uma das duas pontes(século I
a.C.),com que os Romanos ligaram Lorica ao restante império.A ponte
romana
ainda existente,sobre a Ribeira de Loriga,está em bom estado de
conservação,e é um bom exemplar da arquitectura da época.
A estrada romana ligava Lorica a Egitânia (Idanha-a-Velha),Talabara
(Alpedrinha),Sellium (Tomar),Scallabis (Santarém),Olisipo (Lisboa) e a
Longóbriga (Longroiva),Verurium
(Viseu),Balatucelum
(Bobadela),Conímbriga
(Condeixa-a-Velha)e Aeminium (Coimbra).
Quando os romanos chegaram,a povoação estava dividida em dois núcleos
separados por poucas centenas de metros.O maior,mais antigo e
principal
situava-se na àrea onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da Rua de
Viriato,sendo defendido por muros e paliçadas.O outro
núcleo,constituído
apenas por algumas habitações,situava-se mais acima junto a um pequeno
promontório rochoso,em cima do qual mais tarde os Visigodos
construíram
uma ermida dedicada a S.Gens.
Com o domínio romano,cresceu a importância de Lorica,uma
povoação
castreja
que recebeu populações de castros existentes noutros locais dos
Hermínius,e que entretanto foram abandonados.Isso aconteceu porque
esses
castros estavam localizados em sítios onde a única vantagem existente
era
a facilidade de defesa.Sítios que,ao contrário de Lorica,eram apenas
um
local de refúgio,onde as habitações estavam afastadas dos recursos
necessários à sobrevivência,tais como àgua e solos aráveis.Um desses
castros abandonados,e cuja população se deslocou para
Lorica,situava-se no
ainda conhecido Monte do Castelo,ou do Castro,perto da Portela de
Loriga.No século XVIII ainda eram visíveis as
ruínas das fundações das
habitações que ali existiram,mas actualmente no local apenas se vêem
pedras soltas.
Loriga,foi também importante para os Visigodos,os quais deixaram uma
ermida dedicada a S.Gens,um santo de origem céltica,martirizado em
Arles,na Gália,no tempo do imperador Diocleciano.A ermida sofreu obras
de
alteração e o orago foi substituído, passando a ser de Nossa Senhora
do
Carmo.Com a passagem dos séculos,os loricenses passaram a conhecer o
santo
por S.Ginês,hoje nome de bairro neste local do actual centro histórico
da
vila.A actual derivação do nome romano,Loriga,começou a ser
usada
pelos
Visigodos.
A Igreja Matriz tem,numa das portas laterais,uma pedra com inscrições
visigóticas,aproveitada de um antigo pequeno templo existente no local
quando da construção datada de 1233.A antiga igreja,era um templo
românico
com três naves,a traça exterior era semelhante à da Sé Velha de
Coimbra,tinha o tecto e abóbada pintados com frescos,e, quando foi
destruída pelo sismo de 1755,possuía nas paredes,quadros da escola de
Grão
Vasco.Da primitiva igreja românica do século XIII restam partes das
paredes laterais.
Desde a reconquista cristã, que Loriga esteve sob a
exclusiva
influência
administrativa e eclesiástica de Coimbra,pertencendo também à Coroa e
à
Vigariaria do Padroado Real,e foi o próprio rei(na época D.Sancho
II)que
mandou construír a Igreja Matriz,cujo orago era,tal como hoje,de Santa
Maria Maior.Na segunda metade do século XII já existia a paróquia de
Loriga,e os fieis dos então poucos e pequenos lugares ou "casais" dos
arredores,vinham à vila assistir aos serviços religiosos.Alguns desses
lugares,hoje freguesias,foram,a partir do século XVI,adquirindo alguma
autonomia religiosa,começando por Alvoco,e seguindo-se Vide,Cabeça e
Teixeira.
A vila de Loriga,recebeu forais de João Rhânia(senhorio das Terras de
Loriga durante cerca de duas décadas,no tempo de D.Afonso Henriques)em
1136,de D.Afonso III em 1249,de D.Afonso V em 1474,e recebeu foral
novo de
D.Manuel I em 1514.
Com D.Afonso III,a vila recebeu o primeiro foral régio,e em
1474,D.Afonso
V doou Loriga ao fidalgo Àlvaro Machado,herdeiro de Luís Machado,que
era
também senhor de Oliveira do Hospital e Sandomil,doação confirmada em
1477, e mais tarde por D.Manuel I.No entanto,após a morte do referido
fidalgo,a vila voltou definitivamente aos bens da Coroa.No
século
XII,o
concelho de Loriga abrangia a àrea compreendida entre a Portela de
Loriga(hoje também conhecida por Portela do Arão)e Pedras
Lavradas,incluindo as àreas das actuais freguesias de Alvoco da
Serra,Cabeça,Teixeira,e Vide.Na primeira metade do século XIX,em
1836,o
concelho de Loriga passou a incluír Valezim e Sazes da
Beira.Valezim,actual aldeia histórica,recebeu foral em 1201,e o
concelho
foi extinto em 1836,passando a pertencer ao de Loriga. Alvoco da Serra
recebeu foral em 1514 e Vide recebeu foral no século XVII,mas voltaram
a
ser incluídas no concelho de Loriga em 1828 e
1834
respectivamente,também
no início do século XIX.As sete freguesias que ocupam a àrea do antigo
município loricense, constituem actualmente a denominada Região de
Loriga.Essas freguesias constituem também a Associação de Freguesias
da
Serra da Estrela,com sede na vila de Loriga.
Loriga,é uma vila industrializada(têxtil) desde o início do século
XIX,quando "aderiu" à chamada revolução industrial,mas,já no século
XVI os
loricenses produziam bureis e outros panos de lã.Loriga,chegou a ser
uma
das localidades mais industrializadas da Beira Interior,e a actual
sede de
concelho só conseguiu ultrapassá-la em meados do
século XX.Tempos
houve em
que só a Covilhã ultrapassava Loriga em número de
empresas.Demonstrativo
da genialidade dos loricenses,é que tudo isso aconteceu apesar dos
acessos
difíceis à vila,os quais até à década de trinta do século XX,se
resumiam à
velhinha estrada romana de Lorica,contruída no século I antes de
Cristo.Nomes de empresas,tais como Regato,Fândega,Leitão &
Irmãos,Redondinha,Tapadas,Augusto Luís Mendes,Moura
Cabral,Lorimalhas,Lages Santos,Nunes Brito,etc,fazem parte da rica
história industrial desta vila.A maior e principal avenida de Loriga
tem o
nome de Augusto Luís Mendes,o mais destacado dos
antigos industriais
loricenses.
Mais tarde,a metalurgia,a pastelaria,e mais recentemente,o turismo
(Loriga
tem enormes potencialidades turisticas),passaram a fazer parte dos
pilares
da economia da vila.
Outra prova do génio loricense é um dos exlíbris de Loriga,os inúmeros
socalcos e a sua complexa rede de irrigação,construídos ao longo de
muitas
centenas de anos,e que transformaram um vale belo mas rochoso,num vale
fértil.
Mas, Loriga acabou por ser derrotada por um inimigo político e
administrativo, local e
nacional, contra o qual teve que lutar desde meados
do século XIX.
A história da vila de Loriga é, aliás, um exemplo das consequências
que os
confrontos de uma guerra civil podem ter no futuro de uma localidade e
de
uma região. Loriga tinha a
categoria de sede de concelho desde o século XII, tendo mas, por ter
apoiado os chamados Absolutistas contra os Liberais na guerra civil
portuguesa, teve o castigo de deixar de ser sede de concelho em 1855.
A
conspiração movida
por desejos expansionistas da localidade que beneficiou com o facto,
precipitou os acontecimentos. Tratou-se de um grave erro
político e administrativo; foi, no mínimo, um caso de injusta
vingança
política, numa época em que não existia democracia e reinavam o
compadrio
e a corrupção, e assim começou o declínio de toda a região de Loriga
(antigo concelho de Loriga).
Se nada de verdadeiramente eficaz for feito, começando pela vila de
Loriga, esta região estará desertificada dentro de poucas décadas, o
que,
tal como em relação a outras relevantes terras históricas do interior
do
país, será com certeza considerado como uma vergonha nacional.
Confirmaria também a óbvia existência de graves e sucessivos erros nas
políticas de coesão,
administração e ordenamento do
território. Para evitar tal situação,
vergonhosa para o país, é
necessário no mínimo por em prática o que já é reconhecido no papel:
desenvolver a vila de Loriga, pólo e centro da região.
Em Loriga existem a única estância e pistas de esqui existentes em
Portugal.Loriga,é a capital da neve em Portugal.