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Povo Lusitano - Loriga





Povo Lusitano: Loriga
 
01 Maio 2006

Loriga
 
Fundada originalmente no alto de uma colina entre ribeiras onde hoje existe
o
centro histórico da vila, o seu nome primitivo,anterior à chegada dos
romanos,era Lobriga. O local foi escolhido há mais de dois mil e seiscentos
anos, devido à facilidade de defesa (uma colina entre ribeiras),à abundância
de
àgua e de pastos, bem como ao facto de a as terras mais baixas
providenciarem
alguma caça,e condições mínimas para a prática da agricultura. Desta forma
estava garantido o sustento a uma comunidade constituída fundamentalmente
por
pastores e agricultores, que fizeram parte de uma das tribos mais aguerridas
da
Lusitânia.

O nome veio,da localização estratégica da povoação,do seu protagonismo e dos

seus habitantes,nos Hermínios (actual Serra da Estrela) na resistência
lusitana,
o que levou os romanos a porem-lhe o nome de Lorica (antiga couraça
guerreira).Os Hermínius eram o coração e a maior fortaleza da Lusitânia. É
um
facto que os romanos lhe deram o nome de Lorica,nome de couraça guerreira, e

deste nome derivou Loriga (designação iniciada pelos Visigodos), e que tem o

mesmo significado. É um caso raro, em Portugal, de um nome bimilenar, facto
que
justifica que a couraça seja a peça central e principal do brasão histórico
da
vila.

Situada na parte Sudoeste da Serra da Estrela, a sua beleza paisagística é o

principal atractivo de referência. Os socalcos e sua complexa rede de
irrigação
são um dos grandes ex-libris de Loriga, uma obra gigantesca construída pelos

Loricenses ao longo de muitas centenas de anos e que transformou um vale
belo,
mas rochoso, num vale fértil.

Em termos de património, destacam-se a ponte e a estrada romanas (século I
a.C.), uma sepultura antropomórfica (século VI a.C.), a Igreja Matriz
(século
XIII, reconstruída), o Pelourinho (século XIII,reconstruído), o Bairro de
São
Ginês (São Gens) com origem anterior à chegada dos romanos, a Rua de
Viriato,o
heroi lusitano que a tradição local,e diversos antigos documentos,encontram
origens nesta antiquíssima povoação.A Rua da Oliveira, pela sua
peculiaridade,situada na àrea mais antiga do centro histórico da
vila,recorda
algumas das características da época medieval. A estrada romana e uma das
duas
pontes (a outra ruíu no século XVI após uma grande cheia na Ribeira de S.
Bento), com as quais os romanos ligaram Lorica ao restante império, merecem
destaque. A estrada romana ligava Lorica a Egitânia
(Idanha-a-Velha),Talabara
(Alpedrinha),Sellium (Tomar),Scallabis (Santarém),Olisipo (Lisboa) e a
Longóbriga (Longroiva),Verurium (Viseu),Balatucellum (Bobadela),Conímbriga
(Condeixa-a-Velha) e Aemínium (Coimbra).

Também o Bairro de São Ginês ( S. Gens )é um ex-libris de Loriga, e nele
destaca-se a capela de Nossa Senhora do Carmo construída no local de uma
antiga
ermida visigótica precisamente dedicada àquele santo. Quando os romanos
chegaram, a povoação estava dividida em dois núcleos: O maior, mais antigo e

principal, situava-se na àrea onde hoje existem a Igreja Matriz e parte da
Rua
de Viriato, e estava fortificado com muralhas e paliçada. No local do actual

Bairro de S.Ginês (S.Gens), existiam já algumas habitações encostadas ao
promontório rochoso, em cima do qual os Visigodos construíram mais tarde uma

ermida dedicada àquele santo.

Loriga era uma paróquia pertencente à Vigariaria do Padroado Real e a Igreja

Matriz foi mandada construir em 1233 pelo rei D. Sancho II. Esta igreja,
cujo
orago era já o de Santa Maria Maior,e que se mantém, foi construída no local
de
um outro antigo e pequeno templo, do qual foi aproveitada uma pedra com
inscrições visigóticas, que está colocada na porta lateral virada para o
adro.
De estilo românico, com três naves, e traça exterior lembrando a Sé Velha de

Coimbra, esta igreja foi destruída pelo sismo de 1755, dela restando apenas
partes das paredes laterais.
O sismo de 1755 provocou enormes estragos na vila, tendo arruinado também a
residência paroquial e aberto algumas fendas nas robustas e espessas paredes
do
edifício da Câmara Municipal construído no século XIII. Um emissário do
Marquês
de Pombal esteve em Loriga a avaliar os estragos mas, ao contrário do que
aconteceu com a Covilhã (outra localidade serrana muito afectada), não
chegou de
Lisboa qualquer auxílio.

Loriga é uma vila industrial (têxtil) desde o início do século XIX, chegou a
ser
uma das localidades mais industrializadas da Beira Interior, e a actual sede
de
concelho só conseguiu suplantá-la quase em meados do século XX.Tempos houve
em
que,só Covilhã ultrapassava Loriga em número de empresas.Nomes de
empresas,tais
como;Regato,Redondinha,Fonte dos Amores,Tapadas,Fândega,Leitão &
Irmãos,Augusto
Luis Mendes,Lamas,Nunes Brito,Moura Cabral,Lorimalhas,etc,fazem parte da
rica
história industrial desta vila.A principal e maior avenida de Loriga tem o
nome
de Augusto Luís Mendes,o mais destacado dos antigos industriais loricenses.

A história da vila de Loriga é, aliás, um exemplo das consequências que os
confrontos de uma guerra civil podem ter no futuro de uma localidade e de
uma
região. Loriga tinha a categoria de sede de concelho desde o século XII,
tendo
recebido forais em 1136 (João Rhânia, senhorio das Terras de Loriga durante
cerca de duas décadas, no reinado de D.Afonso Henriques), 1249 (D.Afonso III
),
1474 ( D.Afonso V ) e 1514 ( D.Manuel I ), mas, por ter apoiado os
chamadosAbsolutistas contra os Liberais na guerra civil portuguesa, teve o
castigo de deixar de ser sede de concelho em 1855.A conspiração movida por
desejos expansionistas da localidade que beneficiou com o facto,precipitou
os
acontecimentos.
Foi no mínimo um caso de injusta vingança política,numa época em que não
existia
democracia e reinavam o compadrio e a corrupção,e assim começou o declínio
de
toda a Região de Loriga (antigo concelho de Loriga).Se nada de
verdadeiramente
eficaz for feito, começando pela vila de Loriga, esta região estará
desertificada dentro de poucas décadas,o que,tal como em relação a outras
relevantes terras históricas do interior do país,será concerteza considerado

como uma vergonha nacional.Confirmaria também a existência de graves e
sucessivos erros nas políticas de coesão,administração e ordenamento do
território.
A área onde existem as actuais freguesias de Alvoco da Serra, Cabeça, Sazes
da
Beira, Teixeira, Valezim, Vide, e as mais de trinta povoações anexas,
pertenceu
ao Município Loricense.A vila de Loriga,situa-se a vinte quilómetros da
actual
sede de concelho, e algumas freguesias da sua região situam-se a uma
distância
muito maior.
A Região de Loriga, área do antigo Município Loricense,constitui também a
Associação de Freguesias da Serra da Estrela,com sede na vila de Loriga.
Loriga e a sua região possuem enormes potencialidades turísticas,e as únicas

pistas e estância de esqui existentes em Portugal,estão localizadas na àrea
da
freguesia da vila de Loriga.

Publicada por Rokalentejano em 13:30
 
...
 
  Comentário:
 

  ..."Parabéns pelo Blog,pelo artigo sobre a vila de Loriga,e pelo rigor
histórico
  nele patente!
  ...Está correctíssimo chamarem-se loricenses aos naturais de Loriga porque
o nome
  desta bela vila na época romana era Lorica.Existem os loricenses da mesma
  forma que existem os flavienses,os bracarenses,os escalabitanos,os
  olisiponenses,etc.
  O brasão histórico da vila de Loriga,no tempo que era sede de
concelho,desde o
  século XII,era constituído por uma couraça de prata e por uma estrela de
sete
  pontas de ouro,em escudo azul."...


  Cumprimentos;

  ...